Felicidade: como anda a sua?
Updated: Oct 15, 2021
Essa tal felicidade. Ela é perseguida desde que o homem se conhece por gente. Seja sob a forma de bem estar, de silêncio interior, de uma manhã ensolarada no parque com os filhos, a felicidade sempre foi uma grande busca humana.
Parece que o ser humano não nasceu para ser feliz sozinho. Somos uma espécie de convivência, somos uma espécie que se realiza com o outro. Nesse sentido, para Gustavo Arns, idealizador do Congresso Internacional de Felicidade e professor da Pós Graduação em Psicologia Positiva da PUC/RS, “a felicidade amplia a sua potência quando é exercitada para o bem estar do outro, ao colocarmos nossos dons e talentos a serviço da construção de uma rede fraterna de bem estar. Portanto, bem estar para o outro”.
Isso nos condiciona a um enorme desafio: a capacidade de sentir empatia e se livrar de julgamentos e condicionamentos para olhar o outro vendo o que ele é.

Esta condição está profundamente conectada com o olhar espiritual de felicidade, que recebe, atualmente, a contribuição da visão científica. Trazemos, aqui, a visão da professora Sonja Lyubomirsky da Universidade do Sul da Califórnia, psicóloga positiva e autora do best seller "Mitos sobre a felicidade". Ela afirma que felicidade é a experiência de alegria, de contentamento, ou bem estar positivo, combinada com a sensação que a vida é boa, significativa, e vale a pena. E essa sensação é interna.
Segundo Arns, o que a professora Sonja resgata, no fundo, é o conceito de Aristóteles, de felicidade hedônica - a externa, dos prazeres - e eudaimônica – a interna, do sentido, do significado, do senso de pertencimento, de descobrir quem somos, de compreender o que cada um trouxe de único para essa jornada terrestre, como colocamos isso em prática na vida, no bem estar nosso, dos outros e de todo o Planeta.
Vivemos um tempo gratificante em que a ciência amplia o diálogo com a espiritualidade.

O Budismo, em si, se considera uma linha científica de investigação da mente. No tocante à felicidade, esse diálogo se potencializa em estudos de neurocientistas, tais como Matthieu Ricard, monge budista do Nepal, doutor em biologia molecular, estudioso da ciência das emoções e assessor do Dalai Lama. Quando seu cérebro foi submetido a ressonâncias magnéticas nucleares com duração de até três horas, os resultados obtidos apontam para índices de felicidade extrema, sendo declarado o homem mais feliz do mundo.
O cientista atribui à meditação a magnitude de ativação em certas áreas do cérebro que dizem respeito mais à compaixão do que à felicidade propriamente dita.
Aí chamo, novamente, a Psicologia Positiva, que potencializa o que cada ser é, para que ele possa efetivamente servir a uma estrutura social que caminha dentro de valores como empatia, compassividade, gratidão, igualdade, que, justamente, o aproximam de sua essência. Esse é, talvez, um caminho interligado, vincular felicidade à capacidade de ser compassivo, de nos enxergarmos igual a outro, independente de gênero, classe social, da história que carregamos até aqui.
Mas como conectar sentimentos de empatia, igualdade, compassividade, ao estado da experiência de uma vida feliz, da própria resiliência, de sentir essa paz interior, como isso dialoga com a experiência da felicidade?

Segundo estudiosos da Transição Planetária, a ascensão dos seres humanos está intrinsecamente vinculada a um tripé: conhecimento, autoconhecimento, prática do bem. Então fica clara conexão entre a escolha pela infinita estrada de se conhecer e o servir, a fraternidade e essa sensação de felicidade que, interligadas, elas trazem.
Quando você pergunta a esse estado de bem estar: mas de onde você vem? E procura a resposta lá fora, provavelmente não a encontre. Mas, se procurar dentro de você, vai acessar uma força interior que conecta diretamente com sua essência e sem a qual a felicidade não se realiza em toda sua potência. Você já buscou, ou conhece a potência de felicidade que reside em você?
Assis Valente, em 1933, escreveu a canção Boas Festas, na qual pede a Papai Noel a felicidade, pensando que fosse um “brinquedo de papel”. Decepcionado, anuncia que felicidade é um “brinquedo que não tem”, profetizando, assim, a morte de Papai Noel. Quanto nos cabe, em tempos de pandemia, desacreditar nos papais noéis de nosso cotidiano? Quantos brinquedos vemos que não tem? Talvez o momento que vive a humanidade esteja nos dizendo que nos equivocamos ao procurá-la fora de nós.
Mais contemporâneo, Tim Maia ao cantar “essa tal felicidade”, a intui na perspectiva da construção no grupo primal de convivência, a família:
“Essa tal felicidade, hei de encontrar Mesmo se eu tiver que procurar, se eu tiver que esperar De uma coisa eu não desisto, sou fiel não abro mão De ter filhos, ter amigos, companheira e irmãos Se essa vida é bonita, ela é feita pra sonhar”.
Ouvimos, aqui, diversas vozes falando dessa “tal felicidade”, desde a poesia popular musicada, até a ciência, passando pelas referências no assunto, a exemplo de Gustavo Arns.
Talvez, o que elas têm de uníssono seja a constatação de que ela é construída em coletividade, passando pelo bem estar pessoal, leia-se, a infinita jornada em busca de si mesmo.

Quem sabe, essa tal felicidade esteja em construir uma conexão interna que nos liga com a totalidade. E, nesse caminho de conexão entre o eu essencial e a totalidade, possamos visitar outros caminhos, outras essências com as quais convivemos, às quais servimos, com as quais aprendemos: os outros seres humanos, os seres de outros reinos, todos nossos irmãos.
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